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Foto: Duh Soeiro. |
Estava aguardando o ônibus em frente a UFPA (Universidade Federal do Pará), quando, de repente, percebo um ônibus parando e, lá dentro, alguém acenando pra mim. Levei uns 5 segundos para identificar a criatura que acenava. Foi bem rápido. Há quanto tempo sem nos ver. Acredito que, no minimo, um ano. Tudo voltou na minha cabeça, memórias que jurava ter esquecido ou obrigado a esquecer. Todos os planos. Tudo.
Estávamos pseudo-namorando - os termos empregados para classificar os relacionamentos, hoje, são diversos. Merecem um dicionário de termos -, ia tudo bem. Semanas e tudo certo. Deixava de sair com alguns amigos para, finalmente, após uma semana chata de aulas e trabalho, estar ao lado de alguém legal (não que meus amigos não fossem legais). Foi a única pessoa a receber o número do telefone residencial de casa. A noite o telefone tocava e lá ia eu correndo, pois já imaginava quem era, às vezes frustrava-me. Foi um período onde controlava o telefone, alertava: "Gente, tô esperando uma ligação, não demorem". Ficávamos muito tempo conversando pelo telefone, os assuntos se repetiam, pareciam resumos de jornais, tudo a mesma coisa, mas cada vez contado de forma diferente. Não tinha importância, a ligação valia muito. Com o tempo as chamadas diminuíram, até tornarem-se inexistentes. Adeus conversas repetitivas. Senti falta. "Já sei, vou ligar para saber como está. Afinal, tem que terminar da forma correta, porra, nem que seja por telefone !", pensei. De fato liguei, marcamos uma conversa na UFPA, próximo ao ginásio, segundo portão da UFPA. Foi um dia cheio de expectativa, era tudo ou nada. Já esquecera que expectativa é o prenúncio da frustração. No dia marcado, diante um do outro falamo-nos, sentados, entre dois jambeiros. Pássaros cantavam e comiam os frutos, alguns frutos pelo chão. O resultado da conversa não foi a melhor, pelo menos não para mim.
_ Conheci alguém e estamos ficando há duas semanas. Tudo bem ? _ Perguntou, evitando-me olhar. Já era noite. Poucas pessoas passavam por alí.
_ Hã ? _ A principio foi o máximo que balbuciei.
_ Tudo bem ?
_ Sim... Quer dizer não está, mas ficará !
_ Sinto muito, não queria te fazer isso, mas aconteceu. ( Ainda sem olhar para mim.).
Depois disso não havia mais assunto para conversar, tudo estava claro. Me sentir meio "deprê" após isso. Mas passou. O tempo passou, outras pessoas surgiram, outros relacionamentos
Lá estava estava esperando o ônibus que, como sempre demora, quando o alguém do banco, entre os jambeiros acenou para mim. Fiquei feliz, apesar de lembrar do que vivemos. Mas fiquei feliz mesmo por saber que tudo já estava bem resolvido. Gostaria de poder entrar no coletivo, para bater um papo e saber como estava. Faltava muito pra terminar o curso ? Tem visto nosso amigo em comum ? Por aí iniciaria nossa nova conversa, sem jambeiros, pássaros ou algumas pessoas transitando próximo... O ônibus apareceu, fiz sinal para parar. Fui embora.
É ruim mesmo quando a gente se decepciona com alguém, mas são coisas da vida. Sem isso não se cresce, evolui. Aposto que dessa vez, se vocês voltarem, as coisas com certeza já não serão feitas/vívidas como da última vez.
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