sexta-feira, 13 de maio de 2011

Camisa Manchada

Maldita mania, esta que possuo, de querer mais de quem só pode me oferecer tão pouco. Ainda aprendo a ter somente o máximo, do pouco de cada um... Ao sair de casa a última coisa que poderia imaginar era encontrar com um “ex-rolo”, daqueles que ainda mexem conosco, sabe. Mentira. Sabia exatamente o que iria encontrar, e esperava ansioso por isso, como uma criança na hora de abrir o embrulho do seu presente de Natal. Porém, não foi como desejava.
Talvez um parênteses seja necessário agora. Conheci alguém através de um amigo, trocamos o número do celular um do outro, conversamos através do telefone por alguns dias. O combinado, depois de tanta conversa, era de encontrarmo-nos em uma praça, no final de semana, domingo, na Praça da República. E foi feito. Tudo ocorreu muito bem. Os beijos, meu corpo sendo tocado por mãos que não eram as minhas, o cabelo e traços indígenas do ser em minha frente. Adorava quando apertava-me e tocava em partes do meu corpo, a descoberta do prazer que eu era capaz de oferecer a outro. Tudo ainda bem vivo na memória, até seu sorriso nada simétrico, mas um dos mais sinceros que já recebi. Ai, seus beijos, eram tudo o que queria ter por longos dias. Como um filme em slowmotion. No entanto, nossa relação terminou por aí, não passou de bons “amaços” em uma praça. Quase transamos alí mesmo. (por que não fiz isso?).
Após alguns dias, meses depois, recebi um convite pra sair com um amigo. Aceitei. Iríamos à Praça do Carmo participar de um evento, na verdade prestigiar um. Depois de tanto andar, e como andamos, paramos na Praça do Relógio. Estava bem movimentada, pessoas de todas as idades. Encontrei quem queria, a criatura da República. Porém, não era mais o mesmo, ainda assim insisti. Em vão. No máximo uns abraços e palavras de carinho, isso era pouco para mim. Mas, como se diz “ quero ficar com você ” quando a resposta negativa é visível ? Não se diz, finge não querer tanto. Nessas horas percebe-se o pouco de ator em cada um de nós, na célula da rejeição. Antes disso abracei, mesmo sendo alertado sobre, possivelmente, manchar minha roupa, uma camisa bege, com o vermelho do urucum, parte da caracterização da fantasia da pessoa, que voltaria na minha cabeça algumas vezes depois. No dia seguinte, após lavar, percebi a marca vermelha na camisa. Quase não a uso. Com outras lavagens a mancha apenas ficou menos visível, mas para mim ainda continua bem viva. Um vermelho de urucum,  com tantas interpretações e leituras, que só eu sei fazer.


Um comentário:

  1. Oi Duh, bem vindo ao Blogger!
    Gostei muito do texto, realmente relacionamentos são muito complicados, uma pena que esse seu foi tão fugaz. Pelo menos valeu a lembrança!


    Bjss

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