segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Eu, você.
Meu gato, teu aquário.
A sala.
Quadros na parede.
Um incenso de jasmim sobre a mesa no centro.
Lembra ?
Foi dessa forma durante meses.
Exatamente equilibrado.
Nós, os animais, os móveis.
Hoje, agora tudo ao contrário.
O gato deglutiu o peixe.
O incenso jamais acenderá.
Quadros no chão.
Novas lembranças.
“Te amo”, eu dizia, mas você dormia e eu sussurrava pra não te acordar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Benedito Nunes sobre foto de Gratuliano Bibas.


Entrevista de Benedito Nunes à Série Obra Revelada, na TV Cultura, onde ele fala sobre uma fotografia de Gratuliano Bibas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tem Boto na rede de Túnico.

Viajei para Ponta de Pedras, em setembro, e fiquei impressionado com as manifestações artísticas da cidade. Tinha desde banda de fanfarra à um grupo de cinema. Um dos grupos de fanfarra se preparavam para o concurso da cidade. Era barulho de pratos, tambor, entre outros o dia todo, principalmente no final de tarde. Não me incomodou nenhum pouco, pelo contrário, achei bem interessante ver a organização desse grupo na praça. Assistir as apresentações de fanfarra. Alguns grupos - pra não dizer todos - visivelmente erravam as coreografias, apesar de não ser especialista, percebi. Já os filmes feitos na cidade não pude ver. Até conheci pessoas responsáveis pela produção dos curtas, assisti um fotoclip mostrando a movimentação na cidade durante as projeções. É tudo simples, com poucos recursos, mas feito com muita vontade por todos e bem recebido pelos moradores do lugar. De acordo com um dos responsáveis, os atores viram celebridades no local, passam nas ruas e alguém diz "olha lá o Boto", "lá vai a Mundica". 
Hoje, acordei cedo e fiquei na cama enrolando pra levantar. Percebi movimentação na sala. Era meu pai. Ouvi música marajoara. Me assustei. Sei que meu pai gosta, mas não lembrava dele ter algum cd com esse ritmo. Após a música um dialogo bem carregado no sotaque. Pronto, não era um cd, mas sim um dvd. Mas qual ? Morrendo de curiosidade, desci rápido pra ver oque era. Ainda estava no inicio do filme. Procurei a capa/embalagem e lá estava o título: "Tem boto na rede de Túnico". Era um dos filmes feitos em Ponta de Pedras. 
Sobre o filme, posso dizer que é bem simples, como os próprios produtores disseram ser. O nome já diz tudo: Tem boto na rede de Túnico. Fala sobre uma moça, Raimunda, que vem morar em Belém e, após seis meses, retorna com o namorado, belenense, e também, manias diferentes, pedindo até pra chamarem-na de "Ray ", não mais de "Mundica". Todos os problemas técnicos (áudio e filmagem externa noturna ruim, por exemplo) que sabia sobre o vídeo, em alguns alguns instantes saltam, berram, gritam. Mas no final vale a pena assistir. Fiquei feliz com o trabalho deles. Tiveram uma grande sacada em usar o audiovisual para mostrar as histórias e/ou estórias local. Torço por eles. Os "gritos", causados por falhas técnicas, em filmes independentes como esse são normais, porém, especificamente, no caso de "Tem boto na rede de Túnico" são abafados por outros que dizem:
Sou nortista 
marajoara
tenho meus "causos" para mostrar. 
Quem quiser bastar sentar na cadeira
no chão da sala
no palanque improvisado na praça e apreciar.