segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre "Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias"

Foto da Capa

A cantora mato-grossense Vanessa da Mata lançou, no segundo semestre de 2010, seu quarto álbum de inéditas, intitulado “Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias”. O novo trabalho da cantora, traz 12 faixas, e ainda, conta com a participação especial do cantor Gilberto Gil (inicialmente chamado para tocar violão) na canção "Quando Amanhecer". Quem conhece os álbuns dessa artista, desde o primeiro CD (Vanessa da Mata), percebe em “Bicicletas...” que todos os elementos de Vanessa estão alí: o amor correspondido, as frustrações, a infância e o saudosismo. Porém, a forma em que as músicas foram trabalhadas, nossa, quanta mudança (vide Bolsa de Grife, com guitarras de Fernando Catatal, da banda Cidadão Instigado). Nesse álbum Vanessa trabalha com temas não abordados antes, como o consumismo (Bolsa de Grife), uma música de costumes. E nos mostra toda sua veia romântica com a faixa “Vê se fica bem”. Afinal, quem nunca desejou o bem a quem proporcionou bons momentos.
O encarte do CD – para quem não possue – é outro ponto positivo. As fotos estão bem trabalhadas. Entre elas, as de algumas crianças com Vanessa, pulando corda. Me fez voltar a infância e me ver pulando corda, andando de bicicleta, correndo por aí. Talvez seja esse um dos trunfos de Vanessa, nos fazer lembrar  e valorizar a simplicidade da vida. Como sugere-nos em um de seus versos: “Vamos brindar a vida, meu bem”. Ainda, sobre o encarte, possue um espaço reservado a receita de bolo. Ouvindo Meu Aniversário (letra abaixo) é possível fazer outra leitura sobre essa data. Afinal, por diversas vezes desejamos a tal felicidade aos outros. Porém, quando dizemos “Parabéns, eu ! Parabéns, eu!”a nós mesmos?
Nesse trabalho observamos uma cantora mais madura, e com a simplicidade de sempre. Uma cantora que permite-se ousar, com uma sonoridade distinta a cada álbum. Minimalismo. Poderia ser essa a palavra para resumir “Bicicletas..." (ou todo o trabalho da cantora ?). Adriana Calcanhoto em uma de suas músicas propõe “comer Caetano, degluti-lo, mastigá-lo”. Proponho o mesmo sobre esse álbum, e todos de Vanessa. 
Foto: Encarte.

Meu Aniversário:


Hoje é meu aniversário
Corpo cheio de esperança
Uma eterna criança, meu bem
Hoje é meu aniversário
Quero só noticia boa
Também daquela pessoa, oba

Hoje eu escolhi passar o dia cantando
De hoje em diante
Eu
juro felicidade a mim
Na saúde, na saúde, juventude, na velhice
Vou pelos caminhos brandos
A minha proposta é boa, eu sei
De hoje em diante tudo se descomplicará
Com um nariz de palhaço
Rirei de tudo que me fazia chorar
Cercada de bons amigos me protegerei
Numa mão bombons e sonhos
Na outra abraços e parabéns
Quero paparicações no meu dia, por favor
Brigadeiros, mantras, músicas
Gente vibrando a favor
Vamos planejar um belo futuro pra logo mais
Dançar a noite toda
Fela Kuti, Benjor e Clara
Parabéns, Bianca!
Parabéns, Felipe!
Parabéns, Micael!
Parabéns, Mateus!
Parabéns, Artur!
Parabéns, Luisa!
Parabéns, eu! Parabéns, eu!
Parabéns, Brendon!
Parabéns, Guiga!
Parabéns, Mayanna!
Parabéns, João!
Parabéns, Duda!
Parabéns, Dri!
Parabéns, eu! Parabéns, eu!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lá no IAP...

A oficina “percepção do olhar, técnica de fotografia e texto literário” ocorreu no IAP (Instituo de Artes do Pará), de 25/04 a 29/04, ministrada pelos fotógrafos Geraldo Ramos e Elza Lima. Pensei não fazer parte da turma, por ter me inscrito um pouco tarde, mas, pro meu contento, fui chamado, literalmente, em cima da hora (estava no estágio supervisionado-não-remunerado quando ligaram-me). O desenvolvimento da oficina se deu de forma confusa, algo indefinido sobre temática e outras coisas. Porém, o saldo final foi mais que positivo. Os fotógrafos responsáveis demonstraram o porque de terem trabalhos premiados dentro e fora do Estado. Parabéns pela educação e paciência deles, Afinal, não é fácil estar a frente de uma turma ansiosa e diversificada. Muito me deixa feliz perceber que, além de bons “olhos”, esses profissionais são extremamente responsáveis  e abertos ao novo (alí representado por uma turma tão distinta). Servem de exemplos a pseudo-artistas, pseudo-fotografos, e pseudo-qualquer-porra. O resultado desse trabalho foi um Fotovaral, feito no Hall do IAP. No último dia tivemos os certificados entregues através do diretor do IAP, o Heitor Pinheiro, com direito a foto e tudo – essa parte abriria mão, não do certificado, mas da foto.

Foto: Daisa Passos.

Foto: DuH Soeiro

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Camisa Manchada

Maldita mania, esta que possuo, de querer mais de quem só pode me oferecer tão pouco. Ainda aprendo a ter somente o máximo, do pouco de cada um... Ao sair de casa a última coisa que poderia imaginar era encontrar com um “ex-rolo”, daqueles que ainda mexem conosco, sabe. Mentira. Sabia exatamente o que iria encontrar, e esperava ansioso por isso, como uma criança na hora de abrir o embrulho do seu presente de Natal. Porém, não foi como desejava.
Talvez um parênteses seja necessário agora. Conheci alguém através de um amigo, trocamos o número do celular um do outro, conversamos através do telefone por alguns dias. O combinado, depois de tanta conversa, era de encontrarmo-nos em uma praça, no final de semana, domingo, na Praça da República. E foi feito. Tudo ocorreu muito bem. Os beijos, meu corpo sendo tocado por mãos que não eram as minhas, o cabelo e traços indígenas do ser em minha frente. Adorava quando apertava-me e tocava em partes do meu corpo, a descoberta do prazer que eu era capaz de oferecer a outro. Tudo ainda bem vivo na memória, até seu sorriso nada simétrico, mas um dos mais sinceros que já recebi. Ai, seus beijos, eram tudo o que queria ter por longos dias. Como um filme em slowmotion. No entanto, nossa relação terminou por aí, não passou de bons “amaços” em uma praça. Quase transamos alí mesmo. (por que não fiz isso?).
Após alguns dias, meses depois, recebi um convite pra sair com um amigo. Aceitei. Iríamos à Praça do Carmo participar de um evento, na verdade prestigiar um. Depois de tanto andar, e como andamos, paramos na Praça do Relógio. Estava bem movimentada, pessoas de todas as idades. Encontrei quem queria, a criatura da República. Porém, não era mais o mesmo, ainda assim insisti. Em vão. No máximo uns abraços e palavras de carinho, isso era pouco para mim. Mas, como se diz “ quero ficar com você ” quando a resposta negativa é visível ? Não se diz, finge não querer tanto. Nessas horas percebe-se o pouco de ator em cada um de nós, na célula da rejeição. Antes disso abracei, mesmo sendo alertado sobre, possivelmente, manchar minha roupa, uma camisa bege, com o vermelho do urucum, parte da caracterização da fantasia da pessoa, que voltaria na minha cabeça algumas vezes depois. No dia seguinte, após lavar, percebi a marca vermelha na camisa. Quase não a uso. Com outras lavagens a mancha apenas ficou menos visível, mas para mim ainda continua bem viva. Um vermelho de urucum,  com tantas interpretações e leituras, que só eu sei fazer.